Hortelã pimenta 10ml

Hortelã pimenta – Mentha x piperita L.

Mentha deriva do grego Minthe, ninfa que segundo a mitologia foi seduzida por Plutão e transformada em uma planta devido a ira de Perséfone, a esposa ciumenta. A lenda conta que, em um acesso de fúria, Perséfone esmagou-a no chão. Plutão, inconformado, transformou-a em uma erva para que pudesse cheirá-la eternamente.

Piperita: refere-se a seu sabor picante. Mentha piperita= mistura apimentada. Em países de língua portuguesa, as espécies deste gênero são popularmente conhecidas como hortelãs, embora o nome menta também seja por vezes utilizado.

O gênero Mentha pertence à família botânica Lamiaceae, originária da América do Norte, Ásia e Europa mediterrânea. As hortelãs ou mentas são plantas herbáceas vivazes, compreendendo numerosas espécies, das quais muitas são cultivadas em função de suas propriedades aromáticas, condimentares, ornamentais ou medicinais. Eram conhecidas e cultivadas da China ao Egito desde 2000 a.C. e registradas desde a antiguidade pelos egípcios, hebreus, gregos e romanos. Ela aparece em todas as listas de ervas da antiguidade: na Bíblia aparece como dízimo. Os árabes regavam as mesas de banquete com mentas antes das festas e limpavam o chão com a erva para estimular o apetite dos convidados (1).

As mentas se disseminaram pelo globo, sofrendo hibridizações naturais, mutações e variações, dando oportunidade do surgimento de numerosas espécies, acabando assim por dificultar a correta identificação das inúmeras variedades e espécies, mesmo por especialistas. Há registros de 18 espécies e diversos quimiotipos com diferenças inter e intra-específicas. Apesar da grande variabilidade fitoquímica, o maior interesse econômico na produção de óleo essencial das mentas se deve à obtenção do constituinte mentol.

A Mentha X piperita (L.), é uma planta herbácea, com caule tipo haste, arroxeado, aéreo, quadrado. As glândulas aromáticas encontram-se nas folhas, de forma ovaladas, alongadas, dentadas e pecioladas. Inflorescências violáceas apicais.
É um híbrido, originário do cruzamento entre diversas espécies, provavelmente Mentha spicata L., Mentha aquatica L., Mentha longifolia Huds. e Mentha rotundifolia Huds. Existe ainda uma variedade desta espécie, a M. piperita var. Mitcham, cultivada na Inglaterra, considerada de excelente qualidade.

Os estudos científicos com hortelã pimenta demonstraram a presença de uma grande variedade de compostos bioativos que podem desempenhar um papel importante como antioxidante, antinociceptivo, anti-inflamatório, antimicrobiano, anticancerígeno, antiviral, antialérgico e antitumorigênico, indicando sua utilidade na prevenção ou nos cuidados complementares de saúde (6).

Resumo das quatro espécies mais importantes do gênero Mentha na aromaterapia (2):
M. piperita – OE de Hortelã pimenta
Tônico e estimulante do organismo, favorece a digestão saudável, alivia tensões e desconfortos físicos. Auxilia na recuperação do bem-estar em caso de náuseas, vômito, dor de cabeça e indigestão. Estimulante, pode ser usado durante o trabalho de parto.
Rico em:
Álcool monoterpênico: 40 e 50% de mentol
Cetona: 20 a 30% mentona
0,1 a 2% pulejona

M. spicata – OE de Hortelã verde
Acalma a inquietude, auxilia processos de cicatrização e redução de inflamação, favorece a eliminação de muco. Tônico masculino, ativa a sensualidade e desperta o desejo no homem.
Rico em: Hidrocarboneto monoterpênico: 20 a 25% limoneno
Álcool monoterpênico: 0,5 a 3% mentol
Cetona: 40 a 70% L-carvona
0,1 a 2% mentona

M. citrata – OE de Hortelã limão, H. Levante ou H. bergamota
Relaxante, combate a fadiga nervosa e acalma a inquietude afetiva. Tônico feminino, auxilia no alívio de tensões e cólicas.
Rico em: Álcool monoterpênico: 2 a 5% mentol
25 a 40% linalol
Cetona: 0,1 a 2% mentona
Ester: 40 a 57% acetato linalila

M. arvensis – OE de Menta brasileira
Tônico e estimulante do organismo, favorece o alívio de dores e tensões, auxilia na manutenção da circulação saudável.
Rico em:
Álcool monoterpênico: 35 a 70% mentol
Cetona: 15 a 30% mentona
0,2 a 5% pulejona

O óleo essencial de hortelã pimenta é muito versátil. A literatura etnobotânica registra suas propriedades espasmolíticas, antivomitivas, carminativas, estomáquicas e anti-helmínticas (2).
Os estudos científicos com hortelã pimenta demonstraram a presença de uma grande variedade de compostos bioativos que podem desempenhar um papel importante como antioxidante, antinociceptivo, anti-inflamatório, antimicrobiano, anticancerígeno, antiviral,
antialérgico e antitumorigênico, indicando sua utilidade na prevenção ou nos cuidados complementares de saúde. De acordo com os pesquisadores, a ação antimicrobiana do hortelã pimenta se deve à presença de mentol e mentona, duas moléculas aromáticas presentes em alta concentração no óleo essencial (6).
Os estudos in vivo apontam que a molécula aromática mentona é capaz de regular as células de defesa e inibir as citocinas inflamatórias, podendo aliviar condições de inflamação das articulações (7).
Na aromaterapia, pode ser adicionado a cosméticos, óleos de massagem, compressas, fricções e oleações pós-banho, aromatização do ambiente em difusores e aroma sprays.

Aromacologia

Óleo Essencial da concentração
Este aroma refresca, ameniza o fogo emocional, acalma temperamentos explosivos e excesso de emotividade.
Promove calma durante as crises de ciúmes.
Dissipa irritação e intolerância, ajudando a encontrar o discernimento.
Estimula a mente, conduz ao estado de alerta e ativa a concentração.
Pode ser usado em momentos de letargia e sonolência, onde as tarefas ainda não foram finalizadas e necessita-se de energia e concentração (3).
Alivia a impetuosidade do biotipo ayurveda Pitta.
Formas de uso: ACAFLS

Cosmética

OE utilizado na perfumaria e cosmética na fabricação de produtos de higiene pessoal como sabonete líquido, dentifrícios, loções de corpo, pós-barba e pós-depilação refrescantes. Formas de uso: FLMT
Seu aroma mentolado suaviza o mau cheiro nos pés e evita o “chulé”. Formas de uso: FLT
Pode ser usado como um coadjuvante para aliviar o ardor das aftas. Formas de uso: FLT
Refresca a pele, abranda o desconforto provocado por picadas de insetos, alergias, dermatite e eczema. Formas de uso: CFLT
Adicionado a óleos de massagem e cosméticos, atua como coadjuvante nos cuidados de beleza para combater celulite e varizes. Formas de uso: CEPFLM

Usos Tradicionais

Essa espécie é utilizada desde a mais remota antiguidade para fins medicinais, alimentícios e cosméticos.
Seu aroma é um verdadeiro tônico e estimulante mental. A molécula aromática mentona é responsável pela sensação de alerta que o óleo essencial propicia, favorecendo a concentração e a memória. Estimulante, revitalizante e energético (2). Formas de uso: ACAFLS
Apoia e estimula a digestão saudável, excelente para aliviar desconfortos após as refeições. Formas de uso: FLM
Coadjuvante na recuperação do bem-estar em caso de náuseas, vômitos, mal-do-mar, mal-aéreo, mal-terrestre e labirintite (2). Formas de uso: ACAFLS
Refrescante, pode ser útil para favorecer a respiração saudável e livre de muco. Formas de uso: ACAFLM
Ameniza o desconforto das dores e tensão na cabeça e nuca.Formas de uso: FLI
Excelente opção para o alívio das pancadas e machucados que formam hematomas (2).Formas de uso: CFLT
Promove sensação de resfriamento na pele e aquecimento da musculatura, alivia tensões musculares e articulares.Formas de uso: CFLM
Boa opção no final do período de aleitamento. Formas de uso: CAFLM
Pode ser usado em cosméticos para massagens que ativam a circulação e previnem varizes e celulite. Formas de uso: FLM

Vishwa Schoppan
Bióloga, Ecóloga, Aromaterapeuta.

Referências:
1. Oka C, Roperto A. Hortelã. Herbário Aquiléia. 2007. Disponível em: http://www.cotianet.com.br/eco/herb/
2. Faucon M. Traité D’Aromathérapie Scientifique et Médicale Les Huiles Essentielles . (3 ed.). Paris: Éditions Sang de la Terre, 2017.
3. Worwood VA. Aromatherapy of the soul. (1 ed.). California, USA: New World Library, 1999.
4. Lorenzi H, Matos AFJ. Plantas Medicinais No Brasil Nativas e Exóticas. Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2002.
5. Gomes JC, Silva F. Análise da eficácia do óleo de hortelã-pimenta na síndrome do intestino irritável: revisão baseada em evidência. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2013;8(27):121-6. DOI: 10.5712/rbmfc8(27)702
6. Trevisan, Silvia Cristina Cerini et al. Propriedades da mentha piperita: uma breve revisão. Res, v. 3, n. 1, p. 309-313, 2017. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Sandra-Barbalho/publication/317290799_PROPERTIES_OF_MENTHA_PIPERITA_A_BRIEF_REVIEW/links/5930af11a6fdcc89e7845f37/PROPERTIES-OF-MENTHA-PIPERITA-A-BRIEF-REVIEW.pdf
7. Chen, Xiangjie et al. A natural plant ingredient, menthone, regulates T cell subtypes and lowers pro-inflammatory cytokines of rheumatoid arthritis. Journal of Natural Products, v. 85, n. 4, p. 1109-1117, 2022. DOI: 10.1021/acs.jnatprod.1c01231 Disponível em: https://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/acs.jnatprod.1c01231